Desde o início da invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia, os Estados Unidos começaram gradualmente a aumentar a produção de munição de artilharia de 155 mm.
Aqui está o que sabemos
Em fevereiro de 2023, o Pentágono assinou contratos com duas empresas – Northrop Grumman Systems e Global Military Products – totalizando US$ 522 milhões para a produção de munição. Isso estava diretamente relacionado ao uso muito alto de projéteis de artilharia na frente.
Por exemplo, de acordo com algumas estimativas, os russos estavam disparando cerca de 20.000 projéteis por dia. Em comparação, a capacidade ucraniana era geralmente abaixo de 10.000, e frequentemente em torno de 5.000 por dia.
Tanto a UE quanto os EUA decidiram aumentar significativamente a capacidade de produção. A iniciativa de munição tcheca também provou ser importante. Espera-se que Kiev receba um total de quase meio milhão de cartuchos até o final deste ano. Os próprios EUA dizem que provavelmente serão capazes de produzir mais de 100.000 por mês até meados do ano que vem.
“O financiamento do Congresso nos permitiu aumentar a produção de projéteis de artilharia de 155 mm para cerca de 9.000 por mês no início da guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022. A produção chegará a cerca de 80.000 por mês neste outono, e ultrapassaremos 100.000 por mês no próximo verão”, disse o secretário assistente de Defesa, Douglas R. Bush.
Embora essas escalas ainda pareçam modestas em comparação com a produção russa, já está claro qual tendência os EUA e a UE estão seguindo.
Fonte: Defesa 24
Enquanto isso, a indústria de defesa na Europa também tem respondido ao desafio crescente. Países como a Alemanha, França e Polónia estão a acelerar os seus programas de produção de munição, não apenas para atender à demanda na Ucrânia, mas também para reforçar os seus próprios arsenais. O foco na modernização das capacidades de defesa é um reflexo das tensões geopolíticas recentes e da necessidade de assegurar uma prontidão militar adequada.
A União Europeia, no intuito de aumentar a sua autonomia em matéria de defesa, tem promovido iniciativas que incentivam a colaboração entre diferentes estados-membros, bem como investimentos em tecnologias emergentes que podem melhorar a eficiência na produção de armamento. Essas iniciativas têm como objetivo garantir que os países da UE estejam não apenas preparados para os desafios emergentes, mas também capazes de competir com a produção militar russa e, de forma geral, global.
Além disso, a crescente dependência da artilharia convencional na guerra moderna destaca uma mudança de paradigma nas doutrinas militares. As forças ucranianas têm demonstrado que, apesar das desvantagens numéricas, o uso eficaz de artilharia e outros recursos pode alterar o equilíbrio em um campo de batalha. A precisão e a quantidade de projéteis disponíveis tornaram-se fatores cruciais nas operações recentes, legitimando ainda mais o investimento nas capacidades de produção.
Por outro lado, a Rússia, apesar de suas dificuldades, continua a mobilizar uma enorme quantidade de recursos e a experimentar formas de otimizar sua produção militar, incluindo o uso de tecnologias de fabricação aditiva e melhorias no fornecimento logístico. O esforço russo em adaptar e maximizar a produção de armamentos, aliado à mobilização de suas tropas, reflete uma resiliência que alguns analistas consideram perigosa.
A resposta militar dos EUA e da UE, portanto, não se limita apenas ao aumento da produção de munição, mas também envolve estratégias de apoio à Ucrânia, através de treino militar e o fornecimento de informação estratégica. A cooperação entre os aliados ocidentais torna-se fundamental, não só para responder à crise imediata, mas também para sustentar uma posição de força a longo prazo na segurança euro-atlântica.
Num mundo cada vez mais interconectado, o impacto econômico destas decisões também não deve ser subestimado. O aumento da produção militar implica não só custos diretos, mas também repercussões nas cadeias de abastecimento global e um redirecionamento dos investimentos e talentos de setores civis para a indústria de defesa.
Assim, enquanto assistimos a este aumento notável na produção de munição, é vital considerar as múltiplas dimensões de uma situação que continua a evoluir rapidamente. O cenário geopolítico atual exige uma análise cuidadosa e um acompanhamento contínuo de como estas decisões influenciam não apenas os conflitos em curso, mas também as dinâmicas internacionais futuras.