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A Rússia está desenvolvendo secretamente drones militares na China

A Rússia está desenvolvendo secretamente drones militares na China

De acordo com documentos publicados citados pela Reuters, a Rússia lançou secretamente um programa na China para criar drones kamikaze de longo alcance para uso na guerra contra a Ucrânia.

Aqui está o que sabemos

Os documentos incluíam uma mensagem da empresa russa Kupol ao Ministério da Defesa detalhando o desenvolvimento bem-sucedido e os testes de voo de um novo modelo de drone na China com a ajuda de especialistas locais.

Fala também sobre a criação de capacidades na China para apoiar a produção em grande escala de drones russos, como o Harpy-3 (G3), para que possam ser rapidamente implantados no campo de batalha.

Para apoiar estas alegações, a Reuters obteve duas faturas que documentam a entrega de sete drones de fabricação chinesa à sede da Kupol em Izhevsk, na Rússia.

Não ficou imediatamente claro quais empresas chinesas estavam envolvidas no programa e onde produziam os drones.

Fabian Hintz, pesquisador do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, um think tank de defesa com sede em Londres, disse que a entrega de UAVs da China à Rússia, se confirmada, seria um evento significativo.

“Se você olhar para o que a China forneceu até agora, verá que foram principalmente itens de dupla utilização – componentes, subcomponentes que poderiam ser usados ​​em sistemas de armas”, acrescentou.

É importante notar que o drone G3 é a versão mais recente e avançada da família de drones Garpiya.

Especialistas chineses supostamente ajudaram a melhorar o sistema para torná-lo mais letal e eficaz no campo de batalha. Possui um alcance máximo de 2.000 quilômetros e pode transportar uma carga útil de até 50 quilos.

Fonte: Reuters

A colaboração entre Rússia e China na indústria de drones levanta questões sobre o impacto na dinâmica militar na região. Com a possibilidade de produção em larga escala de drones kamikaze, as forças russas poderiam aumentar significativamente sua capacidade de ataque, especialmente em um conflito que já é caracterizado por um uso intensivo de tecnologia não tripulada.

Além disso, esse desenvolvimento pode sinalizar uma mudança na estratégia militar russa, que até agora dependia de sistemas de artilharia convencionais e força bruta em seu esforço na Ucrânia. A introdução de drones kamikaze pode proporcionar uma abordagem mais furtiva e eficaz, permitindo que as forças russas realizem ataques de precisão contra alvos estratégicos, minimizando riscos e perdas para as suas próprias tropas.

No contexto global, este aumento das capacidades de drone pode também ter repercussões para outros países que acompanham a evolução do conflito. Especialistas militares temem que, se estas novas tecnologias se tornarem mais acessíveis, poderiam provocar uma corrida armamentista na região, com outros países a tentarem desenvolver ou adquirir capacidades semelhantes para não ficarem atrás.

A integração de conhecimentos chineses em tecnologias militares russas não é um fenómeno novo, mas a escala deste programa revela um nível de cooperação profunda entre os dois países que pode ser visto como uma resposta conjunta à pressão económica e militar ocidental. A relação entre Moscovo e Pequim poderá assim fortalecer-se ainda mais, à medida que ambos enfrentam sanções e isolamento no cenário internacional.

É importante também considerar como a comunidade internacional reagirá a esta colaboração. O fortalecimento das capacidades militares da Rússia com tecnologia chinesa pode levar a respostas adicionais de potências ocidentais, seja através de sanções, seja pela escolha de apoiar diplomaticamente a Ucrânia e outros aliados na região. Assim, o equilíbrio de poder na Europa e na Ásia poderá ser afetado, gerando um novo paradigma de segurança.

Por outro lado, a situação apela a uma análise cuidadosa das implicações éticas e legais do uso crescente de drones de combate. A utilização de drones kamikaze levanta questões sobre as regras de engajamento e o impacto no direito internacional humanitário, principalmente em cenários de combate onde civis possam estar ameaçados.

À medida que a situação evolui, será crucial monitorar de perto não apenas a dinâmica entre Rússia e China, mas também a resposta da comunidade internacional e as possíveis repercussões para a segurança global.