A Apple lançou seu serviço de vídeo Apple TV+ no final de 2019 e recentemente começou a exibir filmes de sua própria produção nos cinemas. No entanto, esta estratégia parece não ter tido sucesso.
Aqui está o que sabemos
Segundo a Bloomberg, após vários fracassos de bilheteria, a Apple não exibirá mais seus filmes nas telonas e os lançará direto no Apple TV+. Isso se deve ao decepcionante desempenho de bilheteria de projetos de grande orçamento, como Killers of the Flower Moon, de Martin Scorsese, Napoleão, Argylle e Fly Me to the Moon.
É por isso que o novo filme Wolfs, estrelado por George Clooney e Brad Pitt, foi cancelado em milhares de cinemas em todo o mundo e estreou em um número limitado de cinemas. E a partir de 27 de setembro o filme já estará disponível na Apple TV+.
Porém, alguns grandes filmes que a Apple ainda exibirá nos cinemas – por exemplo, em junho, o filme “Fórmula Um”, estrelado por Brad Pitt, será lançado nas telonas. Ele interpreta um ex-piloto de F1 que retorna à profissão para treinar uma estrela do automobilismo em ascensão.
A Apple já havia planejado gastar US$ 1 bilhão anualmente em filmes para cinemas. Esse compromisso não foi alterado pela empresa, exceto que agora o dinheiro será gasto não em alguns filmes caros, mas em mais 10 a 12 filmes de baixo custo. Ao mesmo tempo, a Apple ainda pretende realizar um ou dois grandes projetos por ano.
Fonte: Bloomberg
Este movimento da Apple reflete uma tendência mais ampla na indústria cinematográfica, onde plataformas de streaming estão cada vez mais a dominar a distribuição de conteúdo. Com a ascensão de serviços como Netflix, Amazon Prime Video e Disney+, as audiências estão cada vez mais habituadas a consumir filmes e séries no conforto de suas casas, em vez de se deslocar para os cinemas. Este fenómeno trouxe novos desafios para as distribuidoras tradicionais, que precisam adaptar suas estratégias para se manterem relevantes.
Além disso, a Apple TV+ tem investido significativamente em conteúdos originais e em parcerias com realizadores renomados, mas agora enfrenta a pressão de oferecer produções que não apenas atraem a atenção, mas que também tenham um desempenho aceitável nas plataformas de streaming. O recente enfoque em produções de menor orçamento pode ser uma estratégia para mitigar riscos financeiros, permitindo que a empresa teste diferentes fórmulas criativas sem comprometer grandes quantidades de investimento.
É importante notar que, embora a Apple esteja a reduzir a exibição de filmes nos cinemas, isso não significa que a empresa abandonou completamente o formato tradicional. A exibição em cinemas ainda oferece uma experiência única ao público, que pode ser difícil de replicar em casa, especialmente para grandes produções. Por isso, a Apple ainda pode optar por distribuí-los em um número limitado de cinemas como uma estratégia de marketing para impulsionar a visibilidade na plataforma, atraindo novos assinantes para o Apple TV+.
Além disso, a Apple tem a capacidade de criar eventos promocionais em torno desses lançamentos, canalizando o seu know-how em marketing e branding. Isto poderá ajudar a construir um burburinho em torno dos filmes que irão estrear no streaming, essencialmente convertendo estreias limitadas em eventos sociais que fomentem a conversa e a solicitação de novos conteúdos.
Outra faceta a considerar é a forma como esta mudança irá impactar o futuro do Apple TV+. Ao apertar o cerco ao conteúdo cinematográfico, a Apple pode intensificar seus esforços na criação de séries originais, que têm provado ser uma das maiores forças no seu catálogo até agora. As séries, frequentemente com orçamento alto e produções elaboradas, têm atraído a atenção e mantenhem os espectadores engajados por períodos mais longos, facilitando a retenção de assinantes.
Ademais, é relevante observar como os dados de visualização e a análise do comportamento do consumidor estão a moldar as decisões estratégicas da Apple. Com ferramentas analíticas avançadas, a Apple pode ver quais tipos de conteúdos estão a ressoar mais com o seu público e ajustar suas produções futuras de acordo. Essa abordagem orientada por dados pode oferecer uma vantagem competitiva significativa no saturado mercado do entretenimento.
Com a indústria de streaming em contínua evolução, será interessante acompanhar como a Apple e outras grandes empresas irão navegar por essas mudanças, e como a luta pelo conteúdo exclusivo que atrai e retém os assinantes se desenrolará nos próximos anos.