Pescadores noruegueses afirmam que um contratorpedeiro russo disparou um tiro de advertência em sua direção durante o exercício Ocean 2024 no Mar de Barents.
Aqui está o que sabemos
O capitão do navio norueguês, Eysten Orten, diz que recebeu uma ordem de rádio do navio russo para deixar a área, mas se recusou a fazê-lo. Então, segundo ele, o contratorpedeiro soou sua buzina, aproximou-se de 200 metros e disparou um tiro de advertência.
“Houve uma explosão poderosa, o navio balançou. Mas sabemos que um barco de pesca norueguês não é o lugar para começar a Terceira Guerra Mundial”, lembra Orten. Então, os pescadores noruegueses foram forçados a deixar o local.
O destróier russo Almirante Levchenko. Foto de : Frifagbevegelse
O quartel-general operacional das Forças Armadas Norueguesas afirma que a guarda costeira estava presente na área do incidente, mas não pode confirmar o tiro. O jornalista do Barents Observer chamou as ações da Rússia de “sabotagem e vandalismo”.
O incidente ocorreu na zona econômica exclusiva da Noruega (como essas são águas neutras, a Rússia tem permissão para conduzir exercícios lá). Desde a invasão em larga escala, tais exercícios aumentaram, e pescadores locais reclamam regularmente sobre eles.
Este incidente levanta questões significativas sobre a segurança da navegação na região do Mar de Barents, especialmente à luz das tensões geopolíticas em curso. A Noruega, como membro da NATO, tem estado em alerta constante devido a um aumento nas atividades militares russas, que incluem não apenas exercícios navais, mas também a presença de submarinos e bombardeiros em suas águas territoriais.
A prática de disparar tiros de advertência é uma ação séria e muitas vezes considerada como uma escalada em situações de confronto. Embora a Rússia alegue que suas ações estão dentro do que é legal durante exercícios militares, muitos criticam a forma como estes exercícios têm sido conduzidos, considerando-os provocativos, especialmente em regiões onde as atividades pesqueiras locais são tradicionais e economicamente vitais.
Os pescadores, que dependem do acesso a essas águas, expressam preocupações não só pela segurança das suas embarcações, mas também pela potencial interrupção das suas atividades económicas devido ao aumento da presença militar russa. Muitos aventam o receio de que um novo incidente possa desencadear uma resposta mais contundente por parte das forças armadas da Noruega ou até mesmo pela NATO.
A combinação de atividades militares com a pesca comercial levanta o dilema de como manter a segurança no mar enquanto se respeita os direitos e as necessidades dos pescadores. A questão da soberania das águas é um ponto de contenção, que frequentemente resulta em desentendimentos entre as autoridades marítimas dos países envolvidos. Assim, a situação exige uma diplomacia cuidadosa e uma comunicação clara entre os países para evitar confrontos desnecessários.
Estas tensões não são novas, e à medida que a Rússia continua a aumentar sua presença militar no Ártico, espera-se que a Noruega e outros países escandinavos respondam com igualmente aumentada vigilância e preparação. O acesso aos recursos naturais e as rotas de navegação no Ártico tornam-se cada vez mais estratégicos, o que apenas irá intensificar as disputas na região.
À medida que a situação evolui, será necessário acompanhar o desenvolvimento de políticas e possíveis negociações entre os países nórdicos e a Rússia, para garantir que incidentes como este não se tornem uma norma. Além disso, a reação dos governos e das organizações internacionais às provocações e à manutenção da ordem no mar será fundamental para assegurar a paz na área.