A Associação Americana para Pesquisa do Câncer (AACR) divulgou um novo relatório destacando quatro vírus e bactérias que representam um risco significativo de câncer.
Aqui está o que sabemos
O papilomavírus humano (HPV), os vírus da hepatite B (HBV) e C (HCV) e a bactéria Helicobacter pylori (H.pylori) podem causar uma variedade de cânceres. O HPV está ligado a quase todos os casos de câncer cervical em mulheres e a um número significativo de cânceres de pênis em homens, ânus, garganta e boca em ambos os sexos. O HBV e o HCV contribuem para o câncer de fígado, e o H.pylori pode causar câncer de estômago.
O relatório enfatiza que muitas dessas infecções podem ser prevenidas com vacinas ou tratadas com medicamentos. Por exemplo, vacinas contra HBV e algumas cepas de HPV são altamente eficazes, e infecções crônicas por HCV podem ser tratadas com medicamentos modernos. H. pylori é tratado com antibióticos e medicamentos que reduzem a acidez gástrica. No geral, esses 4 patógenos são responsáveis por mais de 90% dos cânceres relacionados a infecções em todo o mundo.
Fonte: AACR
Além dos micro-organismos já mencionados, é importante ressaltar que a pesquisa do AACR também abre espaço para discutir a relação entre detalhes de estilo de vida e fatores ambientais que podem aumentar o risco. A má alimentação, a falta de exercício físico e o consumo de álcool, por exemplo, são hábitos que podem interagir negativamente com as infecções citadas e, em consequência, incrementar o risco de câncer.
Estudos demonstram que uma dieta rica em frutas e vegetais pode ajudar a fortalecer o sistema imunológico, tornando o organismo mais resistente a infecções. Por outro lado, dietas pobres e desiquilibradas podem criar um ambiente propício para a proliferação de certas bactérias e vírus que contribuem para o desenvolvimento do câncer. Deste modo, a nutrição desempenha um papel vital na saúde geral e na prevenção do câncer.
Outro ponto a considerar é a importância da deteção precoce e do rastreio. A vacinação contra o HPV e o HBV, por exemplo, não só previne a infecção, mas também diminui significativamente o risco de câncer associado. Apesar da eficácia das vacinas, a taxa de adesão a programas de vacinação pode variar, refletindo tanto fatores socioeconômicos como culturais. Campanhas de sensibilização e educação no que toca à saúde pública são, portanto, cruciais para aumentar a aceitação.
Adicionalmente, a deteção precoce de hepatites B e C, muitas vezes através de testes de sangue simples, pode levar a intervenções eficazes antes que a doença evolua para um câncer. A sensibilização sobre a importância de realizar estes testes de forma regular é fundamental, especialmente entre populações de risco, como aquelas que partilham agulhas ou que têm um histórico de transmissões pelo contacto sexual.
A infecção por H. pylori e a sua associação com o câncer gástrico é um tema também bastante estudado. Embora a bactéria seja comum, a grande maioria das pessoas infectadas não desenvolve câncer. Estudos demonstram que a preocupação com o estilo de vida e a genética pode servir como fatores mediadores, levantando a necessidade de mais pesquisas nesta área para entender melhor os mecanismos envolvidos na carcinogénese.
Num contexto mais amplo, a abordagem multidisciplinar que envolve médicos, nutricionistas e especialistas em saúde mental pode ser essencial para oferecer um tratamento holístico e eficaz aos pacientes. A libertação de mais informação e formação em torno da prevenção, bem como o fomento à prática de estilos de vida saudáveis, pode impactar consideravelmente a diminuição da incidência dos cânceres associados a infecções.